Saturday, September 24, 2005

Desejo de ficar X Força de partir

"Sinto-me tão pequena
para o imenso murmúrio
que me invade, me chega
como na noite cega
o voô da falena
que busca a chama e brusca
e nua ao fogo puro
deixa-se confundir.
Só que eu não Te procuro.
Só que és Tu que me buscas.
E toca-me fugir
a tudo quanto eu tinha,
que para ser Tua
não cabe a mim ser minha."

Somente uma coisa em mim é imutável: o Amor que Deus tempor mim. Lembro-me das palavras do Pe Quevedinho:

O conceito de "vontade de Deus" seria uma idéia fria e pouco atraente, se não se tratasse de um Deus que é Amor.

Sair de mim e me entregar a vontade do Pai não é ma obrigação, é um desejo, além de um exercício de confiança em me entregar a vontade que é aquilo que me faz bem.

Considerar que às vezes a vontade do Pai se contradiz com a minha própia é assumir que terei que abrir mão dela. Sair do própio amor, querer e interesse, como dizia Inácio de Loyola. Incluso aqui está também fazer aquilo que não me é agradavél, mas penso que, como já disse aqui tantas vezes: Deus faz-me sentir tão amada, tão preciosa, como se eu não carecesse de mais nada, que diversas vezes eu tenho que tomar cuidado pra não cair no egoísmo no filho mais mimado. Me policiar para ser agente curador da terra, mesmo eu sabendo como sou.

Deus não me escolher por ser digna de algo, mas sim para realizar em mim algo precioso e manifestar Sua glória.

Sinto-me tão pequena diante de um Deus tão grande que chega a ser estranho pensar que Ele se inclina para me amar. Sinto-me tão fraca, tão frágil, mas quem sou eu para medir as minhas forças, especialmente quando eu sei que elas não são renovadas por mim...

A mim, resta-me agradecer pela paciência que Deus tem em sempre me esperar sem espera nada em troca.

"Abraça-me e perdoa
minha carne banida
das coisas dessa vida
que agora se me voa,
cada vez menos minha:
a minha carne tinha
qualquer coisa de pressa,
da promessa da vinha
neste mundo e, agora
que eu virei Tua ânfora,
será lenta agônia,
umavela de cânfora
cujo pavio chora,

meu Filho, essa alegria..."

Wednesday, September 14, 2005

Pão de Santo Antônio

"Estou revoltado com Santo Antônio!", foi a frase que escutei de um amigo semana passada. Não sei o que aconteceu, e quando perguntei-lhe o porquê ele se esquivou de responder. Porém, devido a fama do santo, e ao fato dele estar solteiro, não pude deixar de imaginar os motivos pelos quais ele ficou bravo com Santo Antônio.

Santo Antônio foi um grande pregador de Deus, sua língua permanesse até hoje incorruptível. Mesmo assim nem mesmo a fé imensa dele na Eucaristia, nem as palavras, nem mesmo o fato dele às vezes estar em dois lugares ao mesmo tempo, nem nada pernaneceu na cultura popular do santo. Ele ficou mesmo foi com a fama de casamenteiro. Isso porque ajudou uma pobre donzela sem dote a conseguir o seu para se casar!

As donzelas de hoje buscam o auxílio do santo para desencravar. É um tal de amarrar o santo, pendurá-lo de cabeça para baixo, colocá-lo dentro um copo d'água ou deixá-lo atrás do espelho e, pasmem: encontrei uma vez em uma loja um Santo Antônio onde o Menino Jesus poderia ser renovido. "É só tirar o Menino do santo e você só devolve quando a graça acontecer", me ensinava o vendedor...

Acho isso muito barganhar pela graça, muito buscar a consolação do Senhor ao invéz do Senhor da consolação. Mesmo assim simpatizo com os famosos pãezinhos de Santo Antônio. São pãezinhos comuns que são abençoados pelo padre no final da missa que se faz memória ao santo e que é distribuído à assembléia depois. Esses pães carregam consigo um pouco da benção de Deus, e se forem comidos com fé e devoção podem trazer bençãos à pessoa que os come.

O dia de Santo Antônio mesmo é o dia 13 de junho, mas todo dia 13 se faz menção ao santo. O dia da semana dedicado à ele é a terça-feira. Ontem, terça-feira dia 13, era dia de lembrar duplamente do santo. Fui à missa no centro de Campinas, e lá teve benção dos pãezinhos. Peguei dois. Um eu comi e inevitavelmente me lembrei do meu amigo revoltado com o santo e comi pensando nele! O outro eu guardei para a Karina, porque ontem foi aniversário dela.

Quando cheguei na casa dela com um pão de presente, não qualquer pão, mas O pão especial de Santo Antônio, aconteceu o comentário: se esse aqui não te ajudar a desencalhar, nada mais ajuda! Claro que todos os solteiros (sim, os meninos também comeram). Nunca vi um pão tão pequeno virar tantos pedacinhos!

Não sobrou pão nem pra contar história de pão! =)

Assim eu continuo com a minha fama de devota desesperada de Santo Antônio, sendo que eu nem sequer me considero devota, aliás, nem de Santa Clara que eu tão bem conheço e tanto admiro não me considero devota!

Mesmo assim: Pô Toninho! Que coisa, tanto tempo somos amigos... e você Clarinha que sempre me ajudou... dava pra dar uma forcinha aqui pro povo do pão, né?

"Santinho pequenininho
De coração assim assim pequenininho
Protege tua legião
Abençoa nosso ofício
Que o drama, que o riso
De forma assim assim pequenininha
Conceda a todos coração"
(Ceumar- São Genésio)