Feminilidade

O primeiro sentido que eu uso ao acordar é a audição. Eta, relógio que desperta! No quarto ainda pouco iluminado vejo as imagens se formar aos poucos. Sinto frio ao ameaçar sair das cobertas, fecho os olhos e espero o relógio despertar novamente. Tem vezes que faço isso mais de uma vez. Me levanto e a água fria no rosto finalmente me faz despertar . Sinto o sabor ardido da pasta na boca, enxaguo. Arrumo os cabelos, troco de roupa, abro as cortinas e a janela. Agora sinto o ar gelado da manhã e a claridade. Quantas sensações e o dia mal começou...

Tem épocas que sinto cólicas, mas elas já não me pertubam. Me limitam, mas não me irritam.

As enxaquecas ainda me deixam de cama, mas me servem como lembrete de que têm vezes que eu preciso parar.

Me alegro muito quanto chego em casa e tem cheiro: de tempero, de fruta ou de doce, não sei porquê, mas casa perfumada tem um cheiro de lar.

Gosto também de ir no salão de beleza, pintar as unhas ou mudar o cabelo. Gosto de comprar creme pro corpo e maquiagem pro rosto e me irrito quando não consigo arrumar o cabelo.

Tem dias que eu choro vendo crianças, tem dias que eu choro porque não as vejo.

Sempre me ensinaram a ser forte, mulher de ferro, mas não a ferro que resista a um coração cheio de saudade.

Às vezes sou tudo e parece que posso tocar o céu. Às vezes sou nada, e nesses dias me escondo para não ser tocada.

Sou assim, me sinto ora mulher, ora menina, não dá pra definir, mas graças à Deus, na maior parte do tempo eu e sinto plena de vida!